A abordagem de culto em minha vertente sobre a Quimbanda é predominantemente baseada nos costumes africanos, principalmente Vodu, Necromancia e Palo Kimbiza, mas pode ser facilmente adaptada aos costumes de qualquer região ou país, enfatizando que a filosofia ensinada por Zambi é universal. A maneira como ensino a Quimbanda se desenvolveu a partir de busca espiritual e anos de experiência.
Uma das principais distinções entre a Quimbanda e muitas vertentes é a perspectiva em relação aos gêneros. Enquanto algumas outras tradições colocam o princípio feminino em uma posição inferior ao masculino, seguimos o princípio de tratar ambos os sexos como completamente iguais em todos os aspectos. Embora haja diferenças fisiológicas óbvias, perante Zambi, os Nkisis e os Mortos, tanto homens quanto mulheres têm o mesmo direito de se conectar com o sagrado.
Quimbanda é um caminho adequado tanto para indivíduos independentes quanto para grupos, na Quimbanda existem rituais formais de iniciação, mas dentro de nossa vertente qualquer pessoa instruída adequadamente pode praticar o Culto, pois entendemos que muita coisa foi instituída pelo homem e não pelo sagrado. Em essência, somos pensadores livres. Na minha visão e na filosofia da Quimbanda apresentada aqui, não há lugar para dogmas. Não acreditamos que nosso caminho seja o único. Reconhecemos que a realidade é extremamente complexa para ser reduzida a regras simplistas e dogmas. Acreditamos que todas as encruzilhadas conduzem ao centro.
Existem diversas tradições de Quimbanda, tantas quantos são os devotos, e os agrupamentos variam de forma bastante arbitrária. Cada um de nós reconhece, por experiência própria, que nosso caminho é eficaz. E sabemos, por meio de outros devotos, que seus caminhos também funcionam!
Quimbanda é uma reconstrução da veneração da Verdadeira Natureza do Eu e dos Mortos, sendo fortemente influenciada pelas tradições vivas que celebram a Verdadeira Natureza de Zambi.
Crenças Fundamentais:
Acreditamos na adoração do sagrado Eu como algo inerente à natureza de Zambi. Somos devotos, e reconhecemos que Zambi possui diversos nomes, e podemos nos conectar com Ele por meio de qualquer um desses nomes que nos seja mais familiar. Com frequência, as pessoas escolherão um nome associado a Zambi de vários panteões ao redor do mundo, cujas histórias sejam particularmente inspiradoras, e utilizarão essa Divindade como foco para suas devoções pessoais. Um exemplo disso é que, entre os povos Árabes, Zambi é conhecido como Allah, entre os povos Iorubás recebeu o nome de Olodumare/Òrun, em Jeje foi intitulado de Mawa, entre os Judeus YHWH, também foi conhecido como Guaraci entre os povos Guaranis, Naan no Siquismo, Jah no Rastafari, Vixnu no Hinduísmo, enquanto na Louisiana e em Nova Orleans, essa força Universal é chamada de Bon Dieu ou Li Grand Zombi. Da mesma forma, diferentes religiões em todo o mundo utilizaram nomes específicos como objeto de devoção.
Além disso, a Quimbanda pratica a busca pelo desenvolvimento do Eu, o que implica direcionar e utilizar a "energia psíquica" - aquelas forças naturais, porém invisíveis, que cercam todos os seres vivos. Utilizamos métodos como dança, canto, visualização criativa e conjurações para concentrar e direcionar essa energia psíquica com o propósito de curar, proteger e auxiliar nossos membros em diversas empreitadas. Além disso, estamos dispostos a estender essa assistência a não-membros mediante solicitação.
Assim como em qualquer sistema espiritual, a compreensão da Quimbanda vem por meio do conhecimento de suas partes constituintes. Somente através desse entendimento, podemos alcançar uma harmonia espiritual completa e enriquecedora. A espiritualidade subjacente a nossa tradição é encapsulada em suas três partes essenciais: a busca constante pela Libertação, Iluminação e Apoteose. Ao incorporarmos esses três pilares fundamentais, o universo se revela de maneira nova e nutre nossa existência cotidiana. Ao abraçar essas três expressões com amor e justiça em nossos corações, veremos que nossa vida se torna incrivelmente enriquecida, indo além da compreensão convencional. A transformação ocorre de dentro para fora.
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